segunda-feira, 5 de março de 2012

COLÉGIO LEANDRO MACIEL: RETRATO DA FALTA DE POLÍTICA PÚBLICA PARA EDUCAÇÃO.



Dois mil e doze está sendo um ano difícil para o Colégio Estadual Leandro Maciel. Este ano somente o turno da manhã funcionará. A escola localizada no conjunto Castelo Branco fechou, nos últimos dois anos, os turnos da tarde e noite.

Essa decisão da escola, corroborada pela Secretaria de Estado da Educação, criou um cenário peculiar. Como ela é o único estabelecimento de ensino que oferece o Ensino Médio em toda a região, há turmas no turno que restou com 60 alunos. “O trabalho pedagógico fica altamente prejudicado em uma turma desse tamanho, quando temos uma escola enorme com salas ociosas, porque decidiram fechar o turno da tarde”, conta a professora de Língua Portuguesa, Vera Lúcia da Silva.

Vale ressaltar que a portaria que estabelece as regras para o funcionamento das escolas da rede estadual em 2012 estabelece que as turmas do Ensino Fundamental devem ter no máximo 30 alunos e no Ensino Médio, 40 alunos.

A informação passada pela escola é que o turno da Tarde irá funcionar o programa “Mais Educação”. O Programa Mais Educação, criado pela Portaria Interministerial nº 17/2007, aumenta a oferta educativa nas escolas públicas por meio de atividades optativas que foram agrupadas em macrocampos como acompanhamento pedagógico, meio ambiente, esporte e lazer, direitos humanos, cultura e artes, cultura digital, prevenção e promoção da saúde, educomunicação, educação científica e educação econômica.

Mas a implantação do programa não inviabiliza a oferta do Ensino Regular no turno da tarde. A escola é ampla e poderia promover sim as duas modalidades de ensino. Para o SINTESE, as escolas devem promover a educação pública, abrir vagas para as crianças e jovens e não fechar turmas e turnos, em uma clara negação ao direito a Educação.

Noturno

O fechamento do turno da noite em 2011 pegou vários alunos de surpresa e gerou um clima de decepção. A escola está sugerindo aos alunos que se matriculem no Colégio Costa e Silva (no bairro Getúlio Vargas) ou no Emilio Garrastazu Médici (localizado no conjunto de mesmo nome), as duas escolas ficam distantes da comunidade do Castelo Branco.

Maria Inês Hanchet é uma das alunas que ficarão sem estudar após o fechamento do turno da noite. Ela esperava concluir o Ensino Médio em 2012 para ir a busca de um emprego melhor. “Eu moro praticamente ao lado da escola, estou desempregada e não tenho recursos para estudar fora do bairro, pelo visto não vou terminar o Ensino Médio esse ano”, disse.

Durante a vista da professora Ana Luzia, da direção executiva do SINTESE e da reportagem do SINTESE a Escola Leandro Maciel foi verificada que várias pessoas buscavam a escola para matrícula, mas a escola alegava falta de vagas.

“A argumentação da escola para o fechamento dos turnos é a falta de alunos, mas como não há alunos se as turmas da manhã estão superlotadas”, questiona da diretora do SINTESE, Ana Luzia Costa Santos.

O caso do Leandro Maciel é mais um exemplo de como uma Chamada Pública na rede estadual é necessária. Dados do IBGE e do Inep mostram que quase metade dos jovens sergipanos está fora do Ensino Médio e que Sergipe tem a pior frequência no Ensino Fundamental do Brasil.

Estrutura Física

Os professores reclamam também da total falta de apoio da Secretaria de Estado da Educação em relação às condições físicas da escola. A escola só conta com um funcionário para fazer a limpeza das 17 salas de aula, banheiros e demais dependências.

Fechaduras quebradas, iluminação precária, muro com infiltrações, necessidade de revisão da parte elétrica e hidráulica e o mato que toma conta de toda a área não construída são problemas constantes da escola e já foram relatados a Diretoria de Educação de Aracaju (DEA) por diversos ofícios, mas até o momento o órgão não tomou nenhuma providência.

A pintura que está sendo realizada no estabelecimento de ensino é fruto de doações dos alunos e da dedicação do vigilante da escola, que no momento está fazendo o serviço de pintor.

Segurança

A falta se segurança tem afligido alunos, professores e servidores. Ano passado foram registrados 11 furtos e esse ano a escola já foi invadida. Os gêneros alimentícios estão sendo guardados em outro local na escola.

Reuniões

O ano letivo começa na próxima segunda-feira, dia 05, os professores decidiram que farão reuniões com os pais dos alunos para debater sobre a situação da escola.

Fonte: Sintese

Nenhum comentário:

Postar um comentário